3 de dezembro de 2013

Resenha: A Guerra dos Tronos, George R. R. Martin

Livro: As Crônicas de Gelo e Fogo – A Guerra dos Tronos (livro um)
Autor: George R. R. Martin
Ano de Publicação: 1996
Nº de Páginas: 592
Editora: Leya




Após o grande sucesso da série Game of Thrones da HBO (adaptação de "As Crônicas de Gelo" e Fogo para a televisão), finalmente os livros de George R. R. Martin receberam a exposição devida, tornando-se em poucos anos um fenômeno da cultura popular de grande parte globo. Assim, A Guerra dos Tronos, primeiro livro das crônicas que são, até agora, o "magnum opus" de Martin, é a mais nova e inovadora porta de entrada para um dos mundos fantásticos mais interessantes da atualidade.

Um dos maiores diferenciais deste primeiro livro das Crônicas de Gelo e Fogo (assim como os outros devem ser, provavelmente) em relação aos outros livros medievais é que apresenta uma caracterização dos personagens bem mais complexa, desviando-se por completo do maniqueísmo implantado na mente de muitos. Não existem heróis na obra, apenas seres humanos e seus interesses que muitas vezes são contrários uns aos outros, sendo que tais divergências são o tema principal da narrativa. 

O conflito principal da trama se dá através da disputa do Trono de Ferro, cobiçado por várias pessoas de casas diferentes; o atual Rei dos Sete Reinos, Robert Baratheon, após a morte de Jon Arryn, sua antiga mão direita, oferece a seu velho amigo Eddard Stark (vulgo Ned) a posição de Mão do Rei. Ned não se sente muito a vontade deixando Winterfell, no Norte, mas acaba por ser motivado a aceitar o cargo após descobrir que a antiga Mão não morreu de forma natural. Portanto, Stark parte para Porto Real visando esclarecer o mistério que ameaça o reinado de seu amigo Robert.

Fazer uma sinopse de todas as diversas camadas de Guerra dos Tronos numa resenha curta é muito complicado, e quem leu o livro sabe do que eu falo; para dar apenas uma amostra do quão complexa é a narrativa, seguem os nomes dos personagens que possuem capítulos específicos: Eddard, Catelyn, Jon, Arya, Sansa, Bran, Tyrion e Daenerys. O primeiro livro é mais focado na família Stark, tendo como personagens “de fora” da casa apenas Tyrion Lannister, irmão da Rainha Cersei Lannister, e Daenerys Targaryen, filha do antigo Rei Louco que foi derrubado por Robert e seus camaradas, ficando exilada em outro continente. Já Jon Snow mostra a visão dos membros da Patrulha da Noite, um não tão seleto grupo de pessoas que abandonam suas vidas antigas para guardar o mundo dos homens, defendo os reinos do poder dos “zumbis” chamados de os Outros, apesar de quase todos duvidarem da existência dos mesmos.

Em meio a tantas visões diferentes, é impossível identificar um protagonista, tendo apenas a sua preferência, a do leitor, como referência através das páginas do livro. Mesmo odiando alguns personagens e acontecimentos, é inegável que a trama de A Guerra dos Tronos é completamente inesperada, pois ninguém está a salvo das garras da morte, assim como na vida real. Além disso, a inexistência de personagens completamente bons ou maus acaba aumentando ainda mais o fator surpresa do livro, propiciando aos que acompanham o desenrolar dos fatos em Westeros uma experiência refrescante e intensa, ainda mais para aqueles que estão acostumados à fantasia medieval que preserva seus protagonistas e vilões principais até o último momento. Talvez a célebre frase da Rainha Cersei resuma o poder do enredo das crônicas de uma forma geral: “Quando se joga o jogo dos tronos, você vence ou você morre. Não existe meio termo”. 

Por fim, se você continua a evitar A Guerra dos Tronos, deixe seus preconceitos de lado. São poucos os livros de fantasia que são tão complexos e bem escritos quanto "As Crônicas de Gelo e Fogo".

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